Medicina e magia foram irmãs nos primórdios das civilizações. Em África, a criação artística continua, em parte, ligada ao mundo dos espíritos. A associação de ideias pode não ser linear mas foi suficientemente forte para me decidir publicar, neste blogue, alguns artigos despretenciosos sobre arte africana. Trata-se, obviamente, de partilhar imagens de alguns objectos que me agradam.
Devo confessar que não sou crente. Gosto de me considerar herdeiro longínquo do racionalismo de René Descartes e do positivismo de Augusto Comte. Talvez por isso, o irracional, que constitui boa parte de cada alma, me tenha desde sempre fascinado.
Onde reside a diferença entre um objecto de magia e um produto de artesanato? Certamente no uso que lhe foi, ou é, dado. Um antiquário da Rua de S. José em Lisboa contou-me que um dos seus fornecedores afiançava que as máscaras que propunha vender tinham sido "dançadas". Pretendia, assim, vendê-las mais caro, com a autenticidade proveniente da sua utilização ritual.
Como coleccionador, habituei-me a supor que as minhas peças são, em geral, imitações. Adquiri-as, quase todas, em Portugal. A origem de algumas é fácil de localizar em publicações ilustradas. Outras aguardam novas informações que permitam descortinar as suas origens.
Nas mensagens que se vão seguir saltará à vista a fragilidade da minha formação antropológica. Peço tolerância. Sou curioso e não estudante da matéria.
Imagem: Esta é a estatueta que deu origem à minha colecção. Trouxe-a do Lubango em 1964. Quando eram pequeninas, as minhas filhas chamavam-lhe "Senhora Laura".
Simplesmente o melhor comentário (e o mais honesto)que li na internet sobre a arte Bakongo e sua magia... quando tiver farto das suas mascaras e imitações, não se preocupe pode enviar para mim que eu não me importo de ter a minha casa coberta de maravilhosas imitações como vi nas suas fotos.
ResponderEliminarUm abraço e parabéns José Cardoso (zemalex777@hotmail.com)