AMEAÇA DE UMA PANDEMIA
DN/Reuters 18 Setembro 2019 — 19:40
Dada a relevância do tema,
partilho o artigo, sem cortes nem acrescentos.
A ameaça de uma pandemia global é
real e pode matar milhões, alerta OMS.
Relatório divulgado esta quarta-feira por
um painel de especialistas dá o exemplo da "gripe espanhola" que, em
1918, matou cerca de 50 milhões de pessoas. Se esta pandemia acontecesse hoje
poderia espalhar-se rapidamente em menos de 36 horas e matar até 80 milhões de
pessoas, destruindo quase 5% da economia global.
O mundo não está preparado para enfrentar
uma possível pandemia global. Alguns governos e agências internacionais fizeram
esforços para estarem vigilantes e preparados para grandes surtos de doenças
desde o devastador surto de Ébola de 2014-2016 na África Ocidental - afetou
cerca de 29 mil pessoas, das quais 11 310 morreram, principalmente na Guiné,
Libéria e Serra Leoa. Mas esses esforços, diz o relatório, são "bastante
insuficientes".
O mundo está a enfrentar uma ameaça
crescente de doenças pandémicas (com distribuição geográfica muito alargada)
que podem matar milhões e devastar a economia global, alertou um painel
internacional de especialistas liderado por Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor
geral da Organização Mundial de Saúde . Os governos deviam trabalhar para se
preparar e minimizar o risco. Na opinião dos especialistas, os países não estão
preparados para uma eventual pandemia global.
O Conselho Global de Monitoramento da
Preparação (GPMB), convocado pelo Banco Mundial e pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), alertou esta quarta-feira que doenças virais propensas a epidemias
como a Ébola, a gripe e a SARS (síndrome respiratória aguda grave) são cada vez
mais difíceis de controlar. A razão tem a ver com o facto de vivermos num mundo
dominado por conflitos prolongados, estados frágeis e migração forçada.
"A ameaça de uma pandemia que se
espalha pelo globo é real", salienta o painel de especialistas num
relatório divulgado esta quarta-feira. "Um agente infeccioso em rápido
movimento pode provocar uma doença que se espalha rapidamente e tem o potencial
de matar dezenas de milhões de pessoas, perturbar economias e desestabilizar a
segurança nacional", enumera o relatório.
Recorde-se que a segunda maior epidemia de
ébola no continente africano está a afetar a República Democrática do Congo,
onde no último ano morreram duas mil pessoas com a doença.
Em caso de pandemia, os sistemas de saúde,
sobretudo dos países mais pobres, entrariam em colapso
Gro Harlem Brundtland, um antigo dirigente
da Organização Mundial de Saúde que co-presidiu o Conselho Global de
Monitoramento da Preparação afirma que as abordagens atuais para emergências de
saúde são "caracterizadas por um ciclo de pânico e negligência".
O relatório cita a pandemia da "gripe
espanhola", de 1918, que matou cerca de 50 milhões de pessoas. Com um
grande número de pessoas a atravessar o mundo em aviões todos os dias, uma
pandemia semelhante podia hoje espalhar-se globalmente em menos de 36 horas e
matar até 80 milhões de pessoas, destruindo quase 5% da economia global.
No caso de uma pandemia, muitos sistemas
nacionais de saúde, particularmente nos países pobres, entrariam em colapso.
"A pobreza e a fragilidade agravam os surtos de doenças infecciosas e
ajudam a criar as condições para que as pandemias ocorram", afirmou Axel
van Trotsenburg, vice-presidente do Banco Mundial e membro do painel de
especialistas.
"A ameaça da gripe pandémica está
sempre presente", diz OMS
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral
da OMS, defende que os governos deviam investir no fortalecimento dos sistemas
de saúde, aumentar os fundos para pesquisas em novas tecnologias, melhorar os
sistemas de coordenação e comunicação rápida e monitorizar o progresso
rapidamente.
A OMS também alertou no início deste ano
que outra pandemia de gripe - causada por vírus que se espalha pelo ar - é
inevitável e disse que o mundo deveria se preparar para isso.
"A ameaça da gripe pandémica está
sempre presente", disse, na altura, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom
Ghebreyesus, acrescentando: "O risco contínuo de um novo vírus influenza
transmitindo de animais para humanos e potencialmente causando uma pandemia é
real. A questão não é se teremos outra pandemia, mas quando".
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