OS
DESGASTES DO TEMPO
Não lembro o nome do
colega que me relatou esta conversa. Tenho, contudo, bem presente no registo da
lembrança, a sua figura. Contaria um pouco mais que os meus quarenta anos. Era
alto, magro, reservado e tinha sido engenheiro antes de se fazer médico. Julgo
que era proprietário de uma ou duas empresas de certa dimensão e que mudara de trajeto
pessoal por gosto. Conheci-o no Serviço 10 do Hospital de S. José, onde ele
trabalhou como anestesista, durante algum tempo.
Contou-me, um dia, uma
história que ainda me agrada repetir. Falava dum amigo que tinha emigrado para
África (não sei se para Angola, se para Moçambique) uma dezena de anos atrás. Voltara
a encontrá-lo, por acaso, na baixa lisboeta. Trocaram um abraço e conversaram.
- Os anos não passaram por
ti – disse o nosso Colega. Estás na mesma!
Respondeu-lhe o outro, com
voz grossa:
- Dizes isso porque não
dormes comigo…
Sem comentários:
Enviar um comentário