A
HISTÓRIA DA ANESTESIA EM PORTUGAL
Joaquim Figueiredo Lima
prestou um serviço inestimável à História da Anestesia em Portugal ao publicar,
este ano, o primeiro trabalho sistematizado sobre o passado da sua Especialidade.
Escolheu alicerçar
o seu estudo na análise das Teses de Dissertação Inaugural que afloram temas de
Anestesia e foram apresentadas por alunos finalistas das Escolas
Médico-Cirúrgicas de Lisboa e do Porto, no final do século XIX e no início do
século XX. Recolho aqui algumas ideias avulsas que poderão contribuir para motivar a leitura do livro.
O hipnotismo era utilizado
para combater a dor durante as intervenções cirúrgicas desde 1838.
A primeira anestesia com
éter foi efetuada em Boston, em 1846, pelo dentista William Morton. A palavra “anestesia”
foi criada logo a seguir. O procedimento chegou à Europa ainda nesse mesmo ano,
e o éter foi utilizado, em dezembro, em Londres, Edimburgo e Paris. A partir de
então, a sua utilização em cirurgia generalizou-se no mundo inteiro.
Em Portugal e no Brasil, começaram a realizar-se anestesias gerais com éter na primeira metade de
1847. No mesmo ano, a sociedade de Ciências Médicas de Lisboa divulgou a nova
técnica por todo o país.
O clorofórmio foi aplicado
pela primeira vez como anestésico, no Porto, numa parturiente, por José Sinval.
As tentativas de anestesia
nem sempre foram bem-sucedidas, registando-se alguns falhanços. Surgiram
reações contra a sua utilização, tendo sido utilizados mesmo argumentos de
natureza religiosa.
Aos poucos, foram sendo
conhecidos os primeiros efeitos secundários da técnica: bronquites, pneumonias
e “inflamação do cérebro”. Surgiram também as primeiras mortes atribuídas à
anestesia.
Em 1850, Narciso Sampaio
apresentou, na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, uma Tese de Dissertação
Inaugural intitulada “Reflexão acerca das vantagens e inconvenientes que
resultam da aplicação dos anestésicos nas operações cirúrgicas”. No mesmo ano,
Lima e Bastos formulou um trabalho sobre a utilização do Método anestésico
considerado em suas relações com a Arte dos Partos.
Foram sendo publicados
numerosos estudos sobre as vantagens e inconvenientes dos anestésicos de
inalação. Em janeiro de 1859, o jornal “The Times” citou um artigo de “The Westminster
Review” no qual se estimava em 1,2 milhões o número de anestesias realizadas
nos dez anos anteriores nos Estados Unidos da América, Inglaterra, França e
Alemanha. O número de mortes resultantes da aplicação do processo era estimado
em 74, sendo o clorofórmio o mais utilizado e, portanto, o que provocava mais
óbitos.
Em 1869 foi utilizada,
pela primeira vez, uma anestesia mista, proposta alguns anos antes por Claude
Bernard. Baseava-se na injeção hipodérmica de cloridrato de morfina, antes da
inalação de clorofórmio.
Em 1879, Paul Bert publicou
um trabalho intitulado Anesthésie par le Protoxyde d`Azote mélangé d`Oxygène et
employé sous pression. Referia-se a experiências efetuadas em animais. A
aplicação a seres humanos não tardou e, em 1880, Raphael Blanchard publicou em Paris uma tese de dissertação que referia o emprego da nova técnica. A
novidade chegou depressa a Portugal. Em Julho de 1880, António Magalhães
apresentou na Escola Médico-Cirúrgica do Porto uma Tese de Dissertação
Inaugural subordinada ao tema “Anestesia Proto-azótica”.
Aos poucos, foram sendo
experimentados novos agentes anestésicos. O Brometo de Etilo foi apresentado em
Portugal por António Leitão, em 1882, com base na experiência de autores
franceses.
O éter e o clorofórmio
foram os produtos mais utilizados em Anestesia Geral durante meio século. Foram
sendo progressivamente abandonados à medida que foram sendo conhecidos agentes
anestésicos mais eficazes e seguros.
Em 1946, um século após o
seu início da anestesia clínica, foi proposta na Sociedade de Ciências Médicas
de Lisboa a criação de especialistas em Anestesia.
Fonte: Figueiredo Lima, Joaquim. A Anestesia em Portugal (sec. XIX e início do sec. XX). Chiado Editora, Lisboa, 2016.
Muito obrigado Amigo Dr. António Trabulo! Figueiredo Lima
ResponderEliminarKkkk alembrei dos pastores padres que derruba o povo na unção com Cloroformioeter
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