MEDICINA CHINESA E OCIDENTAL
ALGUNS CONCEITOS
PARALELOS
I
A DIALÉTICA. O YANG
E O YIN
Resolvi
preparar, para este blogue, dois ou três pequenos artigos sobre a medicina
tradicional chinesa. Comecei por ler o interessante livrinho de Cecília Jorge e
Beltrão Coelho intitulado «Medicina Chinesa – em busca do equilíbrio perdido»,
publicado pelo Instituto Cultural de Macau, em associação com o Círculo de
Leitores, em 1988.
Para
além da atenção à higiene pessoal e às medidas preventivas, patentes nesta divulgação de antigos conceitos da medicina oriental, achei
particularmente interessante a preocupação com o reforço das defesas imunitárias,
segundo a noção que os chineses delas faziam.
Encontram-se semelhanças notáveis entre diversas ideias chinesas e ocidentais, a começar pelos conceitos de Yang e Yin, energias
geminadas e opostas que nos remetem de imediato para as ideias de unidade e
luta dos contrários da filosofia hegeliana.
Para os chineses, o Universo é gerido por duas forças contrárias - o Yang, «calor radical», princípio masculino e positivo e o Yin, «húmido radical», elemento feminino e negativo. O equilíbrio destas duas forças gera, no mundo, a harmonia. O predomínio duma ou doutra conduz à desordem.
Para os chineses, o Universo é gerido por duas forças contrárias - o Yang, «calor radical», princípio masculino e positivo e o Yin, «húmido radical», elemento feminino e negativo. O equilíbrio destas duas forças gera, no mundo, a harmonia. O predomínio duma ou doutra conduz à desordem.
HEGEL
A dialética tem raízes profundas na
cultura ocidental. Segundo Aristóteles, teria sido iniciada por Zenão de Eleia,
que viveu aproximadamente entre 490 e 430 a.C. Na Grécia antiga, a dialética seria
apenas a arte de argumentar no diálogo. O filósofo punha uma ideia em discussão
– era a «tese». Havia quem se opusesse com um pensamento contraditório – era a «antítese».
Da discussão nascia a «síntese», que abrangia partes de ambos os conceitos.
O
conceito de dialética está longe de ser uniforme e assume significados
diferentes para distintos pensadores. Heráclito, cuja atualidade poucos põem em
causa, terá sido o filósofo dialético mais radical da velha Grécia. Hegel
atribuía à dialética um caráter idealista que interpretava o movimento do
espírito. Engels considerou-a materialista. A segunda das três leis da dialética
que Friedrich Engels propõe é a da interpenetração dos contrários. Os lados que
se opõem constituem uma unidade.
Parece-me identificar, ao menos parcialmente, neste conceito, os princípios Yang e Yin da
filosofia e da medicina chinesa. Para elas, o estado de saúde assenta no
equilíbrio instável, em contínua modificação, das energias positiva e negativa
simbolizadas na teoria cosmogónica do Yang-Yin. «Quando o “Yang” predomina, o corpo aquece, os poros fecham-se e o paciente
começa a respirar com dificuldade, com falta de ar. A febre surge, a boca seca
e a pessoa torna-se lenta e irritável» (citação do tratado clássico de
«Medicina Interna» Huang Ti Nei Ching.)
HUANG TI – O Imperador Amarelo, suposto autor do «Clássico de Medicina Interna».
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