Histórias da Medicina Portuguesa

No termo de uma vida de trabalho, todos temos histórias a contar. Vamos também aprendendo a ler a História de um modo pessoal. Este blogue pretende viver um pouco da minha experiência e muito dos nomes grandes que todos conhecemos. Nos pequenos textos que apresento, a investigação é superficial e as generalizações poderão ser todas discutidas. A ambição é limitada. Pretendo apenas entreter colegas despreocupados e (quem sabe?) despertar o interesse pela pesquisa mais aprofundada das questões que afloro.
Espero não estar a dar início a um projecto unipessoal. As portas de Histórias da Medicina estão abertas a todos os colegas que queiram colaborar com críticas, comentários ou artigos, venham eles da vivência de cada um ou das reflexões sobre as leituras que fizeram.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

MEDICINA E MAGIA EM ÁFRICA

Medicina e magia foram irmãs nos primórdios das civilizações. Em África, a criação artística continua, em parte, ligada ao mundo dos espíritos. A associação de ideias pode não ser linear mas foi suficientemente forte para me decidir publicar, neste blogue, alguns artigos despretenciosos sobre arte africana. Trata-se, obviamente, de partilhar imagens de alguns objectos que me agradam.
Devo confessar que não sou crente. Gosto de me considerar herdeiro longínquo do racionalismo de René Descartes e do positivismo de Augusto Comte. Talvez por isso, o irracional, que constitui boa parte de cada alma, me tenha desde sempre fascinado.


Cresci em África, mas parti com dezassete anos para Coimbra. O pouco que sei da arte e da cultura africanas aprendi-o em livros. Isso não obsta a que tenha a casa cheia de máscaras e de estatuetas sem valor.
Onde reside a diferença entre um objecto de magia e um produto de artesanato? Certamente no uso que lhe foi, ou é, dado. Um antiquário da Rua de S. José em Lisboa contou-me que um dos seus fornecedores afiançava que as máscaras que propunha vender tinham sido "dançadas". Pretendia, assim, vendê-las mais caro, com a autenticidade proveniente da sua utilização ritual.
Como coleccionador, habituei-me a supor que as minhas peças são, em geral, imitações. Adquiri-as, quase todas, em Portugal. A origem de algumas é fácil de localizar em publicações ilustradas. Outras aguardam novas informações que permitam descortinar as suas origens.
Nas mensagens que se vão seguir saltará à vista a fragilidade da minha formação antropológica. Peço tolerância. Sou curioso e não estudante da matéria.

Imagem: Esta é a estatueta que deu origem à minha colecção. Trouxe-a do Lubango em 1964. Quando eram pequeninas, as minhas filhas chamavam-lhe "Senhora Laura".

1 comentário:

  1. Simplesmente o melhor comentário (e o mais honesto)que li na internet sobre a arte Bakongo e sua magia... quando tiver farto das suas mascaras e imitações, não se preocupe pode enviar para mim que eu não me importo de ter a minha casa coberta de maravilhosas imitações como vi nas suas fotos.
    Um abraço e parabéns José Cardoso (zemalex777@hotmail.com)

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