Histórias da Medicina Portuguesa

No termo de uma vida de trabalho, todos temos histórias a contar. Vamos também aprendendo a ler a História de um modo pessoal. Este blogue pretende viver um pouco da minha experiência e muito dos nomes grandes que todos conhecemos. Nos pequenos textos que apresento, a investigação é superficial e as generalizações poderão ser todas discutidas. A ambição é limitada. Pretendo apenas entreter colegas despreocupados e (quem sabe?) despertar o interesse pela pesquisa mais aprofundada das questões que afloro.
Espero não estar a dar início a um projecto unipessoal. As portas de Histórias da Medicina estão abertas a todos os colegas que queiram colaborar com críticas, comentários ou artigos, venham eles da vivência de cada um ou das reflexões sobre as leituras que fizeram.

segunda-feira, 20 de abril de 2020




RELÍQUIAS RADIOLÓGICAS


Material usado nos Capuchos para Neurorradiologia


A quarentena deu tempo para arrumar a garagem. Encontrei estas relíquias. Foram registadas no Serviço de Neurocirurgia do Hospital dos Capuchos, em Lisboa, na década de 60.


                   Aneurismas gigantes


                                        M.A.V.?
Quando entrei para o Internato de Neurocirurgia em julho de 1973, para fazer carreira na Especialidade era necessário, para além das habituais qualidades cirúrgicas, ter jeito para puncionar carótidas.                                                                                         
             Trombose da artéria carótida interna
A instauração da Neurorradiologia, com o trabalho pioneiro do meu amigo Costa Reis, iria tardar alguns anos.



                Selas turcas alargadas por adenomas
Tal como os outros neurocirurgiões da época, executei um número considerável de exames radiológicos.
Estimo o total em cerca de um milhar. Deixei de os registar em 1977, quando já passavam dos 600. Predominavam as angiografias carotídeas, seguidos das mielografias. Executei algumas 50 encefalografias gasosas e um número mais reduzido de ventriculografias e de angiografias da vertebral por punção direta.

Fase arterial




                                      Fase venosa                                                            
 As angiografias vertebrais surgiam por vezes inadvertidamente, quando se procurava puncionar a carótida comum. No entanto, detínhamos muito treino  e lembro-me de ter conseguido obter algumas intencionalmente.
Nós não fazíamos as ventriculografias com ar, mas com contraste positivo




 Era preciso processar as imagens. Julgo que nenhum destes estabelecimentos existe atualmente.



As imagens apresentadas são do tempo dos doutores Moradas Ferreira,  Cunha e Sá, César Freire de Andrade, Alvaro Athaíde e Vasconcelos Marques. Tive o privilégio de trabalhar, durante alguns anos, com os dois últimos.
Algumas películas têm manuscrito nos invólucros o nome dos doentes e os serviços onde estavam internados, mas não sou capaz de identificar as caligrafias.


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