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Iniciei o estágio da Especialidade em Julho de 1973.
Éramos poucos e lançaram-me logo às feras da Urgência. Ignorante e receoso, fui obrigado a representar o Serviço de Neurocirurgia como se andasse lá há muito tempo e tivesse aprendido grandes coisas.
De dia, ainda era apoiado. À noite, a responsabilidade caía-me toda nos ombros. Lembro-me da voz grossa do meu chefe, o Doutor Correia de Almeida:
- Olhe que só tenho gasolina para chegar a Queluz...
Era lá que ele morava. Vinha, quando era mesmo preciso.
Ao entrar na Especialidade, mudei também de equipa de Banco e conheci o Doutor Bandeira. Homem experiente e cortês, teria mais dez anos do que eu. Conversávamos com alguma frequência. Às vezes, acontecia que um de nós era chamado ao trabalho e o diálogo interrompia-se.
O Doutor Bandeira pareceu-me um pouco distraído. Quando o encontrava de novo, minutos ou horas mais tarde, chegava a parecer-me que perdera o fio à meada. O colega mais velho ouvia-me com a mesma gentileza de sempre mas, em metade das ocasiões, parecia ter esquecido o que fora dito antes.
Creio que foi apenas no terceiro dia de Urgência com a mesma equipa que vi juntos os irmãos Bandeira. Atrapalhei-me e receei estar a sofrer de diplopia (visão dupla). Ainda conhecia mal o grupo de trabalho. Não me tinha passado pela cabeça ter estado a lidar com gémeos idênticos.
Um era Cirurgião Geral e o outro Ortopedista. Um deles coxeava ligeiramente. Conheciam todas as anedotas de gémeos e não pareciam apreciá-las. Terá sido por isso que nunca lhes contei esta história.
Se algum dos dois a ler, que aceite um abraço amigo!
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