NEURORRADIOLOGIA HÁ MEIO SÉCULO
NO HOSPITAL DOS CAPUCHOS, EM LISBOA
Em 1957, terminadas as obras no Hospital de Santo António dos Capuchos, o Serviço de Neurocirurgia regressou do Hospital de Santa Marta, onde funcionara durante cerca de ano e meio. A Neurorradiologia dispunha agora de instalações próprias, com seriógrafo e duas mesas basculantes e desenvolveu uma actividade intensa com aceitável qualidade técnica.
Na angiografia, os vasos são injectados com um produto de contraste positivo. Nesta imagem anteroposterior, arterial tardia, a artéria cerebral anterior, que se devia encontrar na linha média está desviada vários centímetros para o lado esquerdo, enquanto o grupo sílvico é empurrado para o lado oposto por uma massa que condiciona importante herniação cerebral sob a foice. Na linha média, alimentado por um ramo da cerebral anterior, parece encontrar-se um nicho de neovascularização. Seria precisas imagens noutros tempos angiográficos e também em perfil para fazer um diagnóstico preciso do que parece ser um grande tumor frontal.
Na ventriculografia gasosa, o ar serve de contraste negativo e permite visualizar os ventrículos. Os desvios da morfologia ventricular normal indicam a presença de massas intracranianas.
O doente sabe que está a ser fotografado e esforça-se por se mostrar valente, esboçando mesmo um sorriso. O médico puncionou directamente a carótida no pescoço, enquanto o ajudante se prepara para injectar o produto de contraste.
Nota: Este artigo está preparado há uma semana. Fui ontem informado que o Serviço 12 do Hospital dos Capuchos, o primeiro Serviço autónomo de Neurocirurgia da Península Ibérica, encerra hoje definitivamente as suas portas. Convidaram-me por telefone para um jantar que vai reunir alguns dos seus antigos e novos colaboradores. Não vou. Sinto-me sem disposição para assistir a funerais.
Sem comentários:
Enviar um comentário