O primeiro governo de Cavaco Silva tinha tomado posse há dois dias. ![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3mLL_2_VbreK2OIw3oCUjfkmCibVCbScFMkBbLARva_O9z_LP9v6_jGNDUUt-Fgi81ps6l8ZcqocZNymMekmeM53QlFde41ZhlVuE1osr0E4qYILgdfvq4f7-rjeZFhOHcFRpUtYAIg/s400/images.jpg)
A equipa de Neurocirurgia de serviço ao “Banco “ do Hospital de S. José era constituída por mim e pelo meu amigo Ribeiro da Costa. Cerca da meia-noite, acabámos de observar os traumatizados que estavam na sala de observações. Na verdade, os doentes não cabiam nas pequenas salas e a nossa S.O. era o corredor.
Como tudo parecia calmo, subimos ao Serviço 10 e fomos dormir.
Por volta das duas da manhã, fomos acordados por uma empregada auxiliar com muitos anos de casa.
– Senhores doutores! Levantem-se! Está ali a ministra!
Eu e o Ribeiro da Costa tínhamo-nos na conta de pessoas sensatas. Sabíamos bem que os ministros não andavam pelos hospitais de madrugada, a menos que estivessem doentes. Tratava-se obviamente de uma brincadeira. Ignorámos o aviso e voltámos a adormecer.
Tivemos pouca sorte. Pouco depois, irrompeu pelo quarto, esbaforido, o Arlindo, internista que chefiava a equipe de Urgência:
– Trabulo! Ribeiro da Costa! Saltem depressa da cama! A Leonor Beleza está há meia hora à vossa espera.
Lá fomos. Não me lembro da explicação que demos para o atraso, nem estou certo de que tenhamos dado alguma. Acompanhámos a senhora numa visita guiada ao Serviço. Deve dizer-se que ela era linda. Trazia um belo casaco comprido que lhe realçava a figura elegante.
Tratava-se, segundo julgámos, de uma nova forma de fazer política, prolongando a campanha eleitoral para além da tomada de posse. Ficámos convencidos de que, até se esquecer do caso, a ministra terá pensado que nos tínhamos escapado do Serviço, gastando aquele tempo todo a vir de casa para o hospital.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3mLL_2_VbreK2OIw3oCUjfkmCibVCbScFMkBbLARva_O9z_LP9v6_jGNDUUt-Fgi81ps6l8ZcqocZNymMekmeM53QlFde41ZhlVuE1osr0E4qYILgdfvq4f7-rjeZFhOHcFRpUtYAIg/s400/images.jpg)
A equipa de Neurocirurgia de serviço ao “Banco “ do Hospital de S. José era constituída por mim e pelo meu amigo Ribeiro da Costa. Cerca da meia-noite, acabámos de observar os traumatizados que estavam na sala de observações. Na verdade, os doentes não cabiam nas pequenas salas e a nossa S.O. era o corredor.
Como tudo parecia calmo, subimos ao Serviço 10 e fomos dormir.
Por volta das duas da manhã, fomos acordados por uma empregada auxiliar com muitos anos de casa.
– Senhores doutores! Levantem-se! Está ali a ministra!
Eu e o Ribeiro da Costa tínhamo-nos na conta de pessoas sensatas. Sabíamos bem que os ministros não andavam pelos hospitais de madrugada, a menos que estivessem doentes. Tratava-se obviamente de uma brincadeira. Ignorámos o aviso e voltámos a adormecer.
Tivemos pouca sorte. Pouco depois, irrompeu pelo quarto, esbaforido, o Arlindo, internista que chefiava a equipe de Urgência:
– Trabulo! Ribeiro da Costa! Saltem depressa da cama! A Leonor Beleza está há meia hora à vossa espera.
Lá fomos. Não me lembro da explicação que demos para o atraso, nem estou certo de que tenhamos dado alguma. Acompanhámos a senhora numa visita guiada ao Serviço. Deve dizer-se que ela era linda. Trazia um belo casaco comprido que lhe realçava a figura elegante.
Tratava-se, segundo julgámos, de uma nova forma de fazer política, prolongando a campanha eleitoral para além da tomada de posse. Ficámos convencidos de que, até se esquecer do caso, a ministra terá pensado que nos tínhamos escapado do Serviço, gastando aquele tempo todo a vir de casa para o hospital.
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