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Era Inverno e ainda não amanhecera. Segunda-feira, dirigia-me de carro para o meu trabalho, no Hospital de S. José. Na data, não existia a Ponte Vasco da Gama e só havia uma auto-estrada para Lisboa. Os tempos eram seguros e podia-se ajudar um desconhecido sem receio de assaltos.
Em frente à cadeia, encontrei um homem a pedir boleia. Encostei o automóvel à berma da estrada e deixei-o entrar. Minutos depois, explicou-me para onde se dirigia.
- Sabe, senhor? Eu sou recluso e obtive agora a primeira autorização para ir passar o Sábado e o Domingo a casa. Tenho de estar cedo na cadeia, senão para a semana não me deixam sair outra vez.
- Mas a cadeia é lá atrás!
- Como? A cadeia de Setúbal?
- Essa mesmo. O senhor estava em frente dela. Era só atravessar a rua...
- Que grande chatice! E agora?
- Agora, eu deixo-o na Estação de Serviços, que é já a seguir. O senhor atravessa a auto-estrada e pede outra boleia. Talvez ainda chegue a tempo...
Parei, desejei-lhe boa sorte e voltei ao caminho, sem saber se havia de sorrir ou de entristecer. O homem só conhecia a cadeia do lado de dentro das grades.
Foto: Internet
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